Ano Novo, paz
e não-violência
Queridos irmãos e irmãs!
Um novo ano chega para todos nós. Como
seria bom que a canção que diz: “este ano quero paz no meu coração, quem quiser
ser meu amigo que me dê a mão”, fosse cantada por todos com imensa alegria. Nós
que acreditamos na Criança de Belém, sabemos que a paz é possível, pois Ele nos
dá essa paz que cria amizade, que acolhe, que se solidariza, que cria uma
cultura da não-violência. Como seria bom que tudo isso, amizade, acolhimento,
solidariedade estivesse bem presente em todas as pessoas no ano novo. Eis um desafio
para todos nós cristãos e cristãs: fazer de 2017 um ano cheio de alegria e de
paz, um ano da cultura da não-violência.
Na Mensagem para o 50º Dia Mundial da
Paz, o Papa Francisco, que escolheu como tema, “A não-violência: estilo de uma
política para a paz”, afirmou: “Nesta ocasião,
desejo deter-me na não-violência como estilo duma política de paz, e peço a
Deus que nos ajude, a todos nós, a inspirar na não-violência as profundezas dos
nossos sentimentos e valores pessoais. Sejam a caridade e a não-violência a
guiar o modo como nos tratamos uns aos outros nas relações interpessoais,
sociais e internacionais. Quando sabem resistir à tentação da vingança, as
vítimas da violência podem ser os protagonistas mais credíveis de processos
não-violentos de construção da paz. Desde o nível local e diário até ao nível
da ordem mundial, possa a não-violência tornar-se o estilo caraterístico das
nossas decisões, dos nossos relacionamentos, das nossas ações, da política em
todas as suas formas” (FRANCISCO.
Mensagem para o 50º Dia Mundial da Paz, 2017).
Se fizéssemos um balanço do ano que
passou, todos diríamos que foi um ano muito violento. Um número absurdo e
desolador: mais de 1900 homicídios no Estado do Rio Grande do Norte. É uma
situação que clama aos céus, pois Deus é o Deus da vida. Isso faz urgente a
mensagem do Papa Francisco para que a não-violência seja, de fato, uma
realidade em nossa sociedade. No mapa da violência até crianças são vítimas,
também os que são responsáveis pela segurança são tragados pelo rio infernal da
violência. Aonde vamos chegar com tanto desrespeito à vida?
Neste Dia Mundial da Paz, dia da
fraternidade universal, somos convocados pelo Príncipe da Paz a criar uma
cultura de paz. Ela é continuação da cultura da misericórdia, também evocada pelo
Papa Francisco. Quando buscamos a não-violência, quando estabelecemos a paz em
nossas relações, então, estamos vivendo a misericórdia. Se acontece a
violência, se a vingança é a reação mais profunda, então, a misericórdia passou
longe. Ah! Como seria bom que tivéssemos sempre diante de nós uma única
alternativa: resistir à tentação da vingança. Nunca é demais ressaltar que
nenhum governo será bom se descuida da violência. Como seria bom que o nosso
Estado investisse mais e mais recursos para garantir segurança aos nossos
cidadãos. Este é um apelo que fazemos. Mas, ao mesmo tempo, é necessário
afirmar: a paz que desejamos, a cultura da não-violência evocada pelo nosso bom
Papa Francisco, devem começar em nossa casa. E mais, deve ser assumida como
propósito para o ano novo. Se nós cristãos e cristãs vivermos difundindo essa
cultura, então colaboraremos com paz. Oxalá não exista nenhum fiel que ceda à
tentação da vingança e, assim, construa a paz. As palavras mais encorajadoras
dessa cultura vem do Magistério da Igreja: “Hoje, ser verdadeiro discípulo
de Jesus significa aderir também à sua proposta de não-violência. Esta, como
afirmou o meu predecessor Bento XVI, ‘é realista, pois considera que no mundo
existe demasiada violência, demasiada injustiça e, portanto, não se pode
superar esta situação, exceto se lhe contrapuser algo mais de amor, algo mais
de bondade. Este ‘algo mais’ vem de Deus’” (FRANCISCO. Mensagem para o 50º
Dia Mundial da Paz, 2017).
Procuremos, então, viver 2017 assim.
Com certeza, faremos de nossa cidade, um lugar de paz. Esse é o convite do
Papa: “No
ano de 2017, comprometamo-nos, através da oração e da ação, a tornar-nos
pessoas que baniram dos seus corações, palavras e gestos à violência, e a
construir comunidades não-violentas, que cuidem da casa comum. ’Nada é
impossível, se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podem ser artesãos de paz”.
Que 2017 seja um ano de paz, é o que
queremos, é o que desejo de todo o coração.
Dom Jaime Vieira Rocha
Fonte:http://arquidiocesedenatal.org.br/mensagem/ano-novo-paz-e-nao-violencia